segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

MOVIMENTO ATERRO - 1. DE PELE, APELE



a pele que rasga
a couraça ancestral
depara-se
- ao findar jornada -
com o rusgo fosco
de secular memória.

a pele apelo,
do brado guerreira,
da vida estribeira,
beirada
às vestes,
batida-estaca
folguedo
cessante,
tambor trovejante
de vidas
agrestes.

a pelo desnudo
de quem
- corpo erótico -
meus traços 
confundem
as riscas maternas.

Fincadas na vida,
do escovar
contrapelo,
de gritos griôs,
nas margens
da História. 

apele, ayo,
se marque na vida
lutando nos dias
opressões clandestinas.

não fui eu quem escolheu pele assim.
pele rota, pele cinza,
pele broto.
virgens toques.

antes a pele corisco,
pele vermelha,
negrume da noite.
terra batida.
retiro xamânico,
corpo fechado,
pele candente.
pontuda, queimada,
lusco-fusco alumia.
pele reforço,
terena,
xavante,
ticuna,
kariri,
caxinauá,
kaingang.

aciono caciques,
mães fortes da selva,
na mata ancestral,
fortalecem terreiros.
nem vem, estou plena.
não cutuca, desconhece.
não me mexe, sou antiga,
se me toca, couro aquece.

ainda
há pele

ainda
há pelo

no todo
APELE

Terras nossas.
não desterros.



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