segunda-feira, 23 de março de 2015

CORTÁZAR NOITE

acordou meio da noite com frase-prosa de Cortázar incrustada. tentou retomar sono - bate/volta frase firme. não teve outra. saída da cama, busca estante livros-letras. Cortázar despenca prateleirabaixo caindo à tona chão-da-sala úmidoutono. recolhe apressada. receia que molhe a substância concreta das frases, que mofam as palavras, que se percam os pontos no escorrer do líquido aminiótico da umidade-reptila. recupera a tempo tal bestiário; momentos antes do líquido vermelho-vinho atingir livro naquela sala com os resquícios do ontem.
abre folhas, procura frase-prosa sonambular. desliza dedos revezando intensidades. caça - alheia - palavras como quem pula amarelinha. do incrustado da frase buscada encontra outras no trajeto não permitindo a seus olhos pouso livre. estanca. perde-se em sinédoques. funde-se em cronopifâmias.
já bem manhã toda ela ainda sala. perdeu tempo do sono noite. corpóreo intenso deitado úmido. cabeça frases-prosas do novo.
noites sequências não dorme mais.


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